sábado, 8 de setembro de 2012
JOGUEI TUDO FORA
Joguei tudo fora, devagar, sentindo cada partida. O porta retrato que comprei com você, o vestido que me caia tão bem, me fazia me sentir linda, o seu sorriso dos meus pensamentos, o seu cheiro no meu corpo, a sua calça velha desbotada.
Joguei tudo fora e cada vez que algo partia, sentia que partia algo dentro de mim.
Joguei tudo fora. O armário, onde, como diz Chico, o teu paleto abraçou meu vestido. As tantas contas que fizemos juntos, para nada construímos.
oguei tudo fora. Precisei para isso deixar de sorrir, esquecer o que era gargalhar, só assim pude me soltar de tudo, cada pedacinho que me prendia a você e principalmente à alguém que eu não me reconhecia mais.
Joguei tudo fora. A estante que sonhei, desenhei e você fez.
Criei um espaço vazio na minha vida. Fiquei inerte, um vácuo se fez presente. Chorei, sinceramente e demoradamente, solucei. Senti que me perdia com a sensação de estar sendo encontrada. Contradição na despedida de mim, de você. Me joguei fora, e fui me procurar.
Um vazio chegou, que precisava sem preenchido, uma necessidade de me ver por inteira, um medo de não mais me pertencer, me fez mergulhar em tudo, intensamente, física e emocionalmente. Tudo parecia ser necessário, urgente, premente. Sons, sensações, amores, decepções, julgamentos. Intensamente, mergulhei, em outros você, tentando me encontrar. Acreditei estar nova, ter vida. Vibrei, me sentia forte, sem saber que ainda estava jogando tudo fora. Estava apenas jogando fora o que restava de mim.
Chorei, solucei, Havia juntado tanta coisas, sentimentos, pensamentos, soluções, decisões e não sabia o que fazer com eles. Ninguém estava ao meu lado, sozinha não podia tudo carregar. Precisava me desfazer, ficar mais leve para novamente caminhar. Me perdi nesse esvaziar. Caminhei a noite sem direção. Enfrentei a escuridão, queria me colocar a prova. Provar a solidão, fiz questão. Procurei quem não devia, chorei por quem não me queria, acreditei que não mas amaria. Sonhei com um sapo, pois o principe a muito tinha morrido. Acreditei que estava feliz, e me descobri mentido por mim.
De repente, olho em volta... e aqui e ali, pedacinhos de mim começam a ser reconstruidos. Um sorriso já aparece no meu rosto, um vestido novo já volta a me fazer bem. Um gargalhada que vem lá do fundo, me leva a perder o folego. .... o vazio começa a ser preenchido.
Agora entendo, joguei tudo fora, querendo sumir, desaparecer, me perder de mim, e acabei me encontrando e aos poucos me reestruturando.
Hoje ainda vejo o vazio, um vazio diferente, pronto para ver preenchido, recheado, saboreado. Um vazio querendo ser completado. Aos poucos, devagar completando cada cantinho, com uma energia solar, que invade minha janela e me faz acordar.
Não foi fácil, jogar tudo fora, não esta sendo fácil completar o vazio que ficou, mas é intensamente gratificando saber que fui capaz de partir de mim, para chegar aonde estou, mergulhada no muito que sobrou e que sei sempre ficou, na essência de ser quem eu sou.
Pipa 15 de julho de 2012
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