sábado, 30 de maio de 2015



Um momento mágico.

Sempre gostei de dançar, não que eu saiba. Meus amigos e professores de dança dizem que não consigo me deixar levar, e que sou muito apressada. Bom, isso não importa.

Sabe aquela máxima "no peito do desafinado também bate um coração".. é isso... adoro quando tenho a oportunidade de dançar com alguém onde tudo se encaixa, os passos, o cheiro, a emoção, as mãos, os olhares, aquela sensação gostosa de sermos um só corpo, curtindo qualquer ritmo que seja: bolero, forro, samba, etc,. etc.

Ontem foi um dia assim. O salão não estava cheio, muito espaço para dançar, o piso perfeito para se deslizar. Olhei alguém. Quieto, parado, nem se mexia, parecia não estar em um salão com um forró pé de serra arretado de bom como fundo musical.

Eu, da minha parte, não conseguia ficar parada, acompanhava o ritmo e me sentia flutuar... sozinha.

De repente, Ele me chamou a atenção. Porque ? Sei lá... seu corpo, seu jeito parado, seu olhar distante. Alí naquela salão animado, contagiando todos e ele alí....disperso, distante.

Alguém chega perto e o tira para dançar. Uahhh!!! Minha intuição estava certa, que dançarino! que molejo! solto, gingado, levando sua dama para os quatro cantos do salão. Gente, incrível me emocionei e falei: vou tirar esse cara para dançar.

Nesse momento, tremi. Tenho 55 anos e posso dizer que só tirei amigos para dançar. Como fazer? E se ele falar não, uah!! ainda bem que essa parte fica para os homens. Mas estava decidida.

Comecei a acompanhá-lo. Voltou a ficar parado, distante, só observando. Então percebi que ele conhecia pessoas que eu conhecia. Uahh!! que bom fica mais fácil, ou melhor fica mais difícil.

Quem será ele? Será que está com alguém? Será que alguém está afim? Sei lá, mil coisas na cabeça.

O forró de fundo me desviada os pensamentos e fazia meu corpo balançar, bailar, me soltar. Me aproximei e falei: Vamos dançar?

Ele segurou minha mão, colocou nas minhas costas e me embalou. Nos primeiros instante, um descompasso apareceu, mas em seguida, sei lá por que fechei os olhos e não consegui abrir mais.

O momento mágico aconteceu.

Eu estava flutuando, nas nuvens, não sentia meus pés. Sentia apenas aquele perfume gostoso, aquelas mãos macias e firme me levando de um lado para o outro, dançando, bailando, me entregando.

Naquele momento, nada existia, o salão estava vazio, o forro era só para nós, ou melhor não existe nós e sim um só corpo que deslizava pelo salão,

Por alguns momento quis abrir os olhos, mas não conseguia. Estranho, nada era emocionante, nem o coração batia forte. Era uma paz incrivelmente harmoniosa com meu momento. Eu ali, com ele - nem sei quem é ele - e a música, um forró pé de serra que falava de amor...

O fim  chegou - sempre chega - ele agradeceu com um sorriso lindo, e voltou para seu canto e voltou a ficar parado, passando aquela imagem de alguém que não gosta, não sabe ou simplesmente não esta interessado em dançar.

Eu segui meu caminho, dancei com outros, dancei sozinha. A festa acabou, mas o momento mágico ficou e agradeço por isso.

Imprensa no Forró dia 29/05/2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário