domingo, 8 de novembro de 2015

O rosto da carência

Carência de atenção, de carinho, de toque, de ser o centro das atenções para alguém especifico. Carência de um bom papo no qual o outro está ali para saber de você, decifrar seu olhar, suas palavras, as ditas e principalmente as não ditas. Carência de ficar com o outro e de ser o foco do outro. Carente de amor, físico, daquele olhar que faz seu corpo tremer, suar, desejar. Carência de ser desejada, amada, acarinhada, cuidada, de ser fundamental momentaneamente para o outro. Carência de mão dadas, para atravessar uma rua, para caminhar na praia, para esperar ser atendida na emergência, para te segurar quando vai tropeçar, para cambalear com você quando a vodka começar a fazer efeito. Carência de poder chorar, silenciar, rir, gargalhar e o outro estar ali, compartilhando incentivando, acompanhando. Carência daquele momento em que você não precisa, tem o direito de não pensar no outro, pois é o outro que está ali, para você, com você, por você. Carência As vezes ela vem te fazer companhia, e aí precisamos lhe dar um rosto, um sorriso, um corpo. Precisamos fortalecê-la, mapeá-la, identificá-la. Por alguns segundos, essa identificação te aproxima da ilusão, do sonho, da idealização.... mas, é apenas a carência te olhando e dizendo, estou aqui, sou apenas eu, não crie, não amplie, não complique. O rosto é lindo, o corpo é perfeito, as palavras são quase reais. É isso que estar carente nos trás.